quinta-feira, 4 de julho de 2013

Questões emergentes sobre o pós-manifestações

Os textos reunidos nesta série "Questões emergentes" visam um conjunto de interrogações sobre os protestos brasileiros que ocorreram no mês de junho. Para além da supostamente pura "espontaneidade" eles dão margem a diversos questionamentos políticos. 

Desde o ponto de vista de jornalistas que cobrem a política e eles próprios são possuidores de experiências políticas, como é o caso de Mauro Santayana (Estranhando anônimos e autoritários, aqui). Passam pela análise do periódico El País (Una pregunta inquietante sobre la protesta brasileña, aqui). Passam também, no  artigo de Hermano Vianna, pela centralidade que as redes sociais, que são propriedade privada de corporações midiáticas gigantescas, têm tido neste processo (Quem quer "dobrar o Brasil"?, aqui). Passam ainda pelo apontamento dos riscos colocados às instituições democráticas destacados nas palavras de Wanderley Guilherme dos Santos (O Cerco Reacionário, aqui). Devem contar também com a contribuição da análise econômica de Igor Grabois sobre o jogo político-econômico que permitiu a canalização de certos protestos na figura da presidenta Dilma Rousseff (Por que setores da sociedade brasileira com tradicional repúdio às mobilizações populares foram às ruas engrossar fileiras contra Dilma Rousseff?, aqui). Encontram uma perspectiva geopolítica interessante do jornalista Nil Nikandrov (A multipolaridade em xeque e a geopolítica norte-americana, aqui). E vão, finalmente, à análise do sociólogo Manuel Castells sobre os protestos e a novidade representada pela resposta da presidenta brasileira ao conjunto dos manifestantes (A análise ignorada sobre a resposta de Dilma, aqui).

Certamente, diversos outros pontos de vista têm sido colocados desde o início das manifestações até agora. Nem mesmo pode-se dizer que estejamos, de fato, num instante pós-manifestações. A ameaça de lock out  patronal (nada espontâneo) no sentido de paralisar estradas em todo território nacional ainda ronda o cenário atual. Sabe-se tratar de uma estratégia que assume conotação política capaz de desestabilizar países e governos. As reações estão em curso e ainda não permitem uma compreensão mais precisa. Os mesmo pode-se dizer em relação ao tema da Reforma Política. Reconhecidamente necessária e ligada à crise de representatividade, foi anunciada de forma a dar esperanças de uma Assembléia Constituinte específica. Por pressões da classe política, acabou resultando na ideia de uma consulta popular e, mesmo esta, já enfrenta diversos obstáculos no Congresso. O resultado periga ser nenhum a não ser o sangramento do governo petista e o esgarçamento ainda maior da coalizão política que lhe dá (em tese) sustentação. De qualquer modo, os textos aqui reunidos dão uma boa dimensão dos problemas que se tornaram emergentes após os acontecimentos de junho.

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