“Sobre sete ondas
verdes espumantes” apresenta-se como um fime através da obra de
Caio Fernando Abreu. Eu assisti a uma exibição do filme, em São
Paulo, que encerrou a programação do festival de documentários É
Tudo Verdade. Os diretores Bruno Polidoro e Cacá Nazário nos
mostram imagens de diversas cidades, às vezes filmando as cidades
mesmas, outras com o próprio Caio Fernando povoando-as, outras ainda
como pano de fundo daqueles que dão seu testemunho sobre o escritor.
Embora as sete ondas remetam a diferentes aspectos (solidão,
espanto, amor, melancolia, transbordamento, irremediável e para além
dos muros), a solidão aparece impressa em grande parte dessas
imagens.
Talvez para mostrar um
escritor brasileiro universal, cosmopolita, os diretores optaram por
filmar diversos países onde Caio passou, viveu e deixou amigos.
Estes amigos falam um pouco sobre Caio e leem trechos de escritos
marcantes deixados por ele. Embora faça justiça à vida do
escritor, este me pareceu um ponto de desequilíbrio do filme: alguns
dos amigos estrangeiros apenas leem burocraticamente um texto. Aliás,
o teaser de divulgação mostra apenas estes amigos, deixando de
apresentar os muitos amigos brasileiros que participam da história.
E é justamente na participação desses brasileiros que o filme
cresce. A atriz Grace Gianoukas escolheu um texto em feitio de
oração. Um texto que, além de lindo, toca num lado pessoal de sua
relação com Caio: antes de ser a responsável por trazer novos ares
ao humor brasileiro, Grace era uma garçonete, que ralava para conciliar o emprego com suas performances teatrais.
Segundo conta, Caio foi o amigo que deu uma força para que ela
viesse a São Paulo.
O trecho escolhido por Adriana Calcanhoto, além de revelar o carinho que existia entre os dois, expõe outro fato: é como se as cartas do amigo lhe sugerissem um mosaico, desse mosaico ela fez recortes, uma nova colagem, acrescentou novos ingredientes, e disso resultou a canção “Esquadros”. De maneira delicada, Adriana vai fazendo uma leitura que permite ao espectador do filme descobrir a relação entre as cartas e a canção. A participação de Maria Adelaide Amaral também é permeada pela amizade, falando, assim, da figura viva por trás das cartas.
O trecho escolhido por Adriana Calcanhoto, além de revelar o carinho que existia entre os dois, expõe outro fato: é como se as cartas do amigo lhe sugerissem um mosaico, desse mosaico ela fez recortes, uma nova colagem, acrescentou novos ingredientes, e disso resultou a canção “Esquadros”. De maneira delicada, Adriana vai fazendo uma leitura que permite ao espectador do filme descobrir a relação entre as cartas e a canção. A participação de Maria Adelaide Amaral também é permeada pela amizade, falando, assim, da figura viva por trás das cartas.
Quem não conhece um
pouco ou um muito de Caio Fernando Abreu, possivelmente achará o
filme um tanto ou quanto perdido. De qualquer forma, é um filme que
rememora um homem que parecia estar sempre bucando a vida, mas estava
constantemente às voltas com o sofrimento.
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